sexta-feira, 12 de março de 2010

À BRAQUÉ - Safo *


 

   Ah, partilha, a meu ver, a sorte dos deuses, e a eles se iguala, quem se aproxima de ti, e senta ao teu lado e escuta tua voz adorável. E pode ouvir o teu riso que desperta o amor e faz meu coração bater mais forte no peito...
   Quando te vejo, Braquéa, minha voz falha e se apaga. Minha língua se trava, mesmo quando o desejo acende toda a minha carne. Meus olhos deixam de ver, e os ouvidos apenas ouvem a pulsação do meu sangue. Meu corpo todo sua e treme e empalideço como planta no inverno. E a própria morte, com minhas forças esvaídas, parece vir a mim.
   Assim, como um mendigo, devo me conformar em adorar de longe tua beleza única, e ouvir teu riso, e falar de todo o teu amor só para os outros...

* Tradução de Paulo Hecker Filho.
* Imagem: Safo e Erina,  óleo sobre tela
pintado em 1864 por  Simeon Solomon.

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