Tua beleza é uma beleza de escrava.
Nasceste para as grandes horas de glória,
e o teu corpo nos levará ao desespero.
Tua beleza é uma beleza de rainha.
Dos teus gestos simples, da tua incrível pobreza,
é que nasce essa graça
que te envolve e é o teu mistério.
Tua beleza incendiará florestas e navios.
Nasceste para a glória e para as tristes experiências,
ó flor de águas geladas,
lírio dos frios vales,
estrela Vésper.
Nasceste para o amor:
e os teus olhos não conhecerão as alegrias,
e os teus olhos conhecerão as lágrimas sem consolo.
Tua beleza é uma luz sobre corpos nus,
é a luz da aurora sobre um corpo frio,
de ti é que nasce esse sopro misterioso
que faz estremecer as rosas
e arrepia as águas quietas dos lagos.
Incendiarei florestas, incendiarei os navios do mar,
para que a tua beleza se revele na noite, transfigurada!
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