quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Um poema de Paulo Leminski


Amar você é coisa de minutos
A morte é menos que teu beijo
Tão bom ser teu que sou
Eu a teus pés derramado
Pouco resta o que fui
De ti depende ser bom ou ruim
Serei o que achares conveniente
Serei para ti mais que um cão
Uma sombra que te aquece
Um deus que não esquece
Um servo que não diz não
Morto teu pai serei teu irmão
Direi o versos que quiseres
Serei tanto e tudo e todos
Vais ter nojo de eu ser isso
E estarei a teu serviço
Enquanto durar meu corpo
Enquanto me correr nas veias
O rio vermelho que se inflama
Ao ver teu rosto feito tocha
Serei teu rei teu pai tua coisa tua tocha
Sim, eu estarei aqui.


                                                     *  Imagem: Psiquê revivida pelo beijo de Eros, escultura de Antonio Canova.

Um comentário:

  1. Você me apresentou a poesia de Leminski e a cada poema desconhecido que leio, tenho gostado mais!

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