Então, da sua alta janela escura, a mulher pôs-se a cantar. Primeiro num murmúrio, depois cada vez mais alto. Talvez outras janelas tenham se iluminado na casa e nas redondezas; a dela permaneceu escura. Cantava sem se importar com nada mais, cantava jorrando fios de música sobre as coisas todas, como tentáculos. E do seu canto foi brotando o mundo: dele nasceram árvores e os carros e as casas; os caminhos dos amantes; as grutas da noite, e o ventre do dia; a morte nascia dessa música; e a vida também.
(Do livro A Sentinela)
Não conhecia muito esta escritora e o pouco que venho conhecendo tenho apreciado bastante! Obrigada!
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