segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Cinco poemas de Emily Dickinson



Se eu puder evitar que um coração se parta
Não viverei em vão.
Se eu puder suavizar a aflição de uma vida
Aplacar uma dor,

Ou ajudar um frágil passarinho
A retornar ao ninho,
Não viverei em vão.

*

Para fazer uma campina
Basta um só trevo e uma abelha.
Trevo, abelha e fantasia.
Ou  apenas fantasia
Faltando a abelha.

*

Nunca vi charneca ou mar
Mas sei com exatidão
O que são marés e urzes
E o que é um vagalhão.

Eu nunca falei com Deus
E nem o céu visitei,
Mas como se me dessem um mapa
No lugar certo estarei.

*

Oh, Morte, descerra as portas,
O cansado rebanho chegou.
Os seus balidos cessaram.
Seu vaguear terminou.

Tua noite é a mais silente
Tua morada a mais segura.
Perto demais para sondar-te
Nada dirão de tua ternura.

*

Faça esse leito bem amplo
E com temor respeitoso.
Nele aguarde o irromper do Juízo
Excelente, luminoso.

Seu colchão deve ser reto
O travesseiro circular.
E que o dourado murmúrio da alvorada
Não perturbe esse lugar.


* Tradução: Idelma Ribeiro de Faria.

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