domingo, 8 de novembro de 2009

Um poema de Antonio Marcos *


O que nos separa é apenas o silêncio.
O silêncio é como uma pomba depois do tiro.
Não há silêncio maior
do que uma pomba colorida pela morte.
O que nos separa é a distância.
A distância nada mais é 
do que uma saudade sem remédio.
Não há saudade maior do que o definitivo.
O que nos separa é a falta de palavras.
As palavras são como dois grandes olhos satisfeitos.
Não há maior palavra
do que um olhar de amor.
O que nos separa é esta agonia.
Esta agonia é como uma árvore
cortada pelo homem.
Não há agonia maior do que uma árvore tombada.
O que nos separa é a canção pela metade.
Uma canção pela metade é como uma criança
que não chega à vida.
Uma canção inacabada é uma criança morta.
Vê? São poucos os motivos que nos separam.
Por isso este silêncio
e o silêncio é como uma pomba
depois do tiro.
Não há silêncio maior
do que uma pomba colorida pela morte.

* Este poema do cantor e compositor Antonio Marcos foi publicado em uma revista sobre o mundo da música e da televisão (não recordo o nome da publicação), há muitos anos O tempo destruiu o recorte; só restou uma cópia manuscrita em um dos meus cadernos...

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