sábado, 3 de abril de 2010

Um poema de Paulo César Pinheiro


As moças eram tristes como os pais
E tinham suas histórias muito iguais.
No quarto, o pai bebendo de fastio
Na sala, a mãe rolando com um vadio.
E as moças, com pavor
A se encolherem sob o cobertor
Com febre e frio.

E um dia, então, cruzaram-se num bar
Estranhamente olharam-se no olhar
E como quem aceita um desafio
As moças, num sinistro rodopio
A sós deram-se as mãos
E em si tocando
Foram mergulhando no vazio.

Viveram desde aí  mais sós
Ficaram desde aí, brutais
E dentro desse amor feroz
Só buscavam a paz.
E um pacto fatal se fez
Em meio a festas saturnais.
E à beira de um canal sombrio
Olharam longamente o rio
E foram-se para nunca mais voltar.

Um comentário:

  1. Trilha sonora de Maria Maria, com o maravilhoso vocal de Beth Carvalho!!!!!
    E Eu choro horrores...
    Nem me tocava desse teu blog lindo lindo lindo!!!!
    Vou virar freguês e colocar ele no meu blog-roll!!!

    ResponderExcluir