terça-feira, 2 de novembro de 2010

Três momentos de GIBRAN KHALIL GIBRAN


   Vã é a civilização. E tudo que está nela é vão. As descobertas e invenções nada são senão brinquedos com que a mente se diverte no seu tédio. Cortar as distâncias, nivelar as montanhas, vencer os mares, tudo isto não passa de aparências enganadoras, que não alimentam o coração nem elevam a alma. Quanto a esses quebra-cabeças, chamados ciências e artes, nada são senão cadeias douradas com as quais o homem se acorrenta, deslumbrado com seu brilho e seu tilintar... São os fios da teia que o homem tece desde o início do tempo sem saber que, quando terminar a obra, terá construído a prisão dentro da qual ficará preso. (Em Temporais)

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   Um dia, disse o Olho: Vejo, além destes vales, uma montanha velada pela cerração azul. Não é bela?
   O Ouvido pôs-se à escuta e, depois de ter escutado atentamente algum tempo, disse: Mas onde há qualquer montanha? Não a ouço.
   Então, a Mão falou: Estou tentando em vão sentí-la ou tocá-la, enão encontro montanha alguma.
   E o Nariz disse: Não há nenhuma montanha. Não lhe sinto o cheiro.
   Então, o Olho voltou-se para outra parte; e todos começaram a conversar sobre a estranha alucinação do Olho. E diziam: Há qualquer coisa errada com o olho. (Em O Louco)

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    Dizem-me: Se encontrares um escravo adormecido, não o acordes: talvez esteja sonhando com a liberdade.
   Respondo: Se encontrar um escravo adormecido, acordo-o e falo-lhe da liberdade. (Em Curiosidades e Belezas)


  

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