quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Três poemas de Martha Medeiros


não morro de amores
por pessoas sem mistério
quando se é muito transparente
muito risonho e educado
é raro ser levado a sério
prefiro os mais silenciosos
os que abrem a boca de menos
os mais serenos e mais perigosos
aqueles que ninguém define
e que sempre analisam os fatos
por um novo enfoque
prefiro os que têm estoque
aos que deixam tudo à mostra na vitrine

* * *
você bem que podia ter surgido na minha vida
vinte anos atrás, quando eu ainda tinha planos
quinze anos atrás, quando eu estava me formando
onze anos atrás, quando eu morava sozinha
dez anos atrás, quando eu ainda era solteira
seis anos atrás, quando eu ainda estava tentando
dois meses atrás, quando sobrava alguma força
ontem à noite eu ainda estava te esperando

* * *

é quarto-crescente e já venero a lua cheia
o disco nem foi lançado e já sei a letra de cor
o sol ainda não nasceu e já estou estendida na areia
fuzilem-me, não há nada em que eu não creia

2 comentários:

  1. Três pérolas são esses poemas. Concordo com ela ao dizer que prefere as pessoas misteriosas. Gente sem sal eu diria.
    Beijos

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  2. Maravilhosa Martha Medeiros!Adoro seus poema!Que bom que ela tem um lugar privilegiado nesse blog que o trona mais especial!Bjuss

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