segunda-feira, 12 de março de 2012

Um poema de Carlos Drmmond de Andrade


É noite. Sinto que é noite
não porque a sombra desce
(bem me importa a face negra)
mas porque dentro de mim
no fundo de mim, o grito
se calou, fez-se desânimo.
Sinto que nós somos noite,
que palpitamos no escuro
e em noite nos dissolvemos.
Sinto que é noite no vento,
noite nas águas, na pedra.


*Imagem: Noite estrelada sobre o rhone, de Vincent Van Gogh.

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