sexta-feira, 13 de abril de 2012

RETRATO DA BELA DESCONHECIDA - Juan Sánchez Peláez


Em todos os lugares, em todas as praias, estarei te esperando.
Virás eternamente altiva
Virás, bem sei, sem nostalgia, sem o feroz desencanto dos anos
Virá o eclipse, a noite polar
Virás, te inclinas sobre minhas cinzas, sobre as cinzas do tempo perdido.
Em todos os lugares, em todas as praias, és a rainha do universo.
O que serei no porvir? Serás rico diz a noite irreal.
Sob essa órbita de fogo caem as rosas manchadas do prazer.
Sei que virás mesmo que não existas.
O porvir: LOBO GELADO COM SEU
CORPINHO DE DONZELA MARÍTIMA.
Me empenho em decifrar este enigma da infância.
Meus amigos saem do escuro firmamento
Meus amigos reclusos em uma antiga prisão me falam
Em vão quero o corcel do mar, o girassol de teu riso
O demônio me visita nesta madrigueira, meus amigos são puros e inermes.
Posso demorar-me como um fantasma, solicitar de meus antepassados que venham em minha ajuda.
Pergunto: o que será de ti?
Trabalharei sob o látego do ouro.
Ocultarei a imagem da noite polar.

Por que não chegas, fábula insone?


*Imagem: The evening gown, obra de René Magritte.

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