Ah! As palavras, como são perigosas sob sua capa de fraqueza, nada mais que letrinhas, nada mais que sons... Mas o caminho que vai da palavra até lugares secretos do corpo é curto. Pra usar uma expressão querida dos mineiros, "é só um pulinho".
No filme O carteiro e o poeta, a tia vê a sobrinha voltar de um encontro com o namorado. A moça caminha em transe. A tia imagina sem-vergonhices.
"O que é que ele fez com você?", ela pergunta com voz de ira e preocupação. E se ele tivesse feito "aquilo"?
Ainda em transe, a sobrinha responde:
"Ele me declamou um poema..."
A tia sabia do poder das palavras. Sua ira se transforma em resignação.
"Ele leu um poema pra você... Então você está perdida..."
*Imagem: Cena do filme O carteiro e o poeta (1994), dirigido por Michael Radford.
Maravilhoso Rubem! Saudades eternas sentiremos! Vou ama-lo por outras e, principalmente, esta: Amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode voar.
ResponderExcluirQuantas vezes ja estive no lugar dessa moça do filme... ai ai ai... E a primeira vez, lembro, foi por um poema de Maiakovski...
Bjo, Tel!