domingo, 24 de março de 2013

A CASA DO TEMPO PERDIDO - Carlos Drummond de Andrade


Bati no portão do tempo perdido, ninguém atendeu. 
Bati segunda vez e outra mais e mais outra.
Resposta nenhuma.
A casa do tempo perdido está coberta de hera
pela metade; a outra metade são cinzas.

Casa onde não mora ninguém, e eu batendo e chamando
pela dor de chamar e não ser escutado.
Simplesmente bater. O eco devolve
minha ânsia de entreabrir esses paços gelados.
A noite e o dia se confundem no esperar
no bater e bater.

O tempo perdido certamente não existe.
É o casarão vazio e condenado. 


*Imagem: Chateau de Miranda, Chateau de Nois, Bélgica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário