domingo, 25 de outubro de 2009

O DIA ABRIU SEU PÁRA-SOL BORDADO - Mário Quintana

O dia abriu seu pára-sol bordado
De nuvens e de verde romaria.
E estava até um fumo, que subia,
Mi-nu-ci-o-sa-men-te desenhado.

Depois surgiu, no céu azul arqueado, 
A Lua - a Lua! - em pleno meio-dia.
Na rua, um menininho que seguia
Parou, ficou a olhá-lo admirado...


Pus meus sapatos na janela alta,
Sobre o rebordo... Céu é que lhes falta
Pra suportarem a existência rude!


E eles sonham imóveis, deslumbrados,
Que são dois velhos barcos, encalhados
Sobre a margem tranquila de um açude...

Um comentário:

  1. Obrigada por lembrar um dos meus poetas preferidos. Para se fazer justiça, Mario Quintana deveria ser mais divulgado, mais estudado, mais lido.
    Sua linguagem revela simplicidade e ao mesmo tempo conhecimento e domínio da nossa Língua Portuguesa.
    Parabéns pelo blog.

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