quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Um pequeno texto de Clarice Lispector II


   Esta é uma declaração de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter sutilezas e reagir às vezes com um pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e de alerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa do superficialismo.
   Às vezes ela reage diante de um pensamento mais complicado. Às vezes se assusta com o imprevisível de uma frase. Eu gosto de manejá-la - como gostava de estar montada num cavalo e guiá-lo pelas rédeas  às vezes lentamente, às vezes a galope.

2 comentários:

  1. Sempre que leio Clarice não deixo passar em branco. Amo-a.
    Beijos

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  2. Lindo! Nossa, Clarice sempre é maravilhosa, seus textos nos dizem tanto!

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