foram tantas noites de insôniaroubando os poucos anos que tinhaperdi a conta dos prantoscontei carneiros e os diase os dias nunca passavamou passavam e eu não viaficava um aperto no peitonem tudo entendia como eramas que era bonito eu sabia
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tristeza é quando chovequando está calor demaisquando o corpo dóie os olhos pesamtristeza é quando se dorme poucoquando a voz sai fracaquando as palavras cessame o corpo desobedecetristeza é quando não se acha graçaquando não se sente fomequando qualquer bobagemnos faz chorartristeza é quando pareceque não vai acabar
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não espero de você o que já me foi dadonem você conseguiria porque não é assimtudo tão cronometrado
eu não espero que você me protejadepois de todos os medos que eu disse não tervocê não teria como saber
não espero de você um abraçoque já foi desfeito faz tempovocê não faz ideia quanto
eu não espero de vocênem mais um dia de lamentone um momento como a gente já teve
seja breve, não me escrevase sobrar algum afetoseja discreto e me esqueça
(Do livro Poesia Reunida, de Martha Medeiros)
* Imagem: Obra do artista sueco Ola Billgren.
Oi, Telma, muito obrigada pelo carinho! É uma alegria vir aqui.
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